Já estamos na terceira semana do advento, que é a única estação do calendário litúrgico em que Jesus está ausente. Portanto, é uma estação de espera e anseio pela presença de Jesus. Meditamos nos textos que prefiguram e relatam seu nascimento, mas também na santa expectativa que a primeira vinda do Messias gerava.
No entanto, como Jesus já nasceu, a aplicação desse anseio para nós hoje é pela segunda vinda de Jesus. Vemos João Batista preparando o caminho de Jesus (Mateus 3:1-3), Ana orando no templo e ansiando pelo Salvador (Lucas 2:36-38), Simeão pedindo que seus olhos vissem o Prometido (Lucas 2:25-32), e aqui estamos nós, repetindo as mesmas orações, oferecendo ao Senhor uma canção de saudade.
Não me delongarei aqui falando a respeito de calendário litúrgico, porque não é o intuito deste post, mas também porque sou apenas um iniciante que, há três anos, entre idas e vindas, vem tentando viver a vida fora do calendário consumista e individualista do nosso tempo, buscando aprender os ritmos de Deus. Quem sabe em algum outro texto eu conte mais sobre minha experiência e o que sei.
Para quem quiser saber mais, eu tenho um episódio sobre o Lecionário no meu podcast. Inclusive, vou gravar um episódio sobre lecionário e advento daqui a pouco com o Daniel Vieira, que foi quem popularizou o material de uma forma devocional aqui no Brasil.
Em outubro de 2023, logo antes de começar a última estação do Advento, fizemos uma série de mensagens na Igreja One - SP sobre a vinda de Jesus. Na época, eu estava lendo o livro de John Piper chamado Come, Lord Jesus (Vem, Senhor Jesus). Dei à série de pregações o mesmo nome do livro.
No fim da primeira mensagem, que falou sobre o Dia do Senhor (cf. Amós 5:18-20; Sofonias 1:14-18; 2 Pedro 3:10), usei o poema com o qual John Piper finaliza seu livro. Ele se chama Oh Come, Lord Jesus, Come! A Hymn to Christ. Tive a ideia de fazer uma versão minha, em português, desse poema, depois de ver John Piper recitando-o em inglês (vou deixar o vídeo abaixo para que vocês vejam).
Bom, no mais, fiquem com a minha versão do poema do Piper que tanto tocou meu coração. Busquei, ao mesmo tempo, fazer adaptações para preservar a métrica, a rima e continuar comunicando a mesma mensagem que Piper transmite no poema original. Espero ter conseguido. Lembrando que fiz isso muito antes de o livro ser lançado em português e nem tive acesso a ele, então não sei como a tradução “oficial” em português ficou. Espero que apreciem.
Oh Vem, Senhor Jesus, Vem!
Um Hino a Cristo
Grande crucificado e ressurreto Cristo,
Assunto, reinando, Senhor de tudo,
Querido soberano cordeiro, uma vez sacrificado,
Diante de quem incontáveis anjos caem prostrados,
Que tua misericórdia, salvador,
repouse sobre nossa visão,
Tão inclinada a ver este mundo como galardão,
E concede que sua tão próxima aparição,
Reavive o amor e desperte o clamor:
Oh vem, Senhor Jesus, vem!
Brilhando dez mil vezes mais
Que o maior espetáculo desse mundo,
Sua glória concede-nos ver,
Sentir sua beleza, grandeza e poder,
Irradiando com um exército de anjos,
Em glória, em sua companhia descendo
Para que nós, antes do último grito ecoar,
Possamos te ver e de todo coração exclamar:
Oh vem, Senhor Jesus, vem!
Que os seus servos, no medo, não se afoguem,
Daquele grande dia, de fogo, que consome,
Quando aqueles que escolheram não honrar, seu nome
terão o que desejaram,
Mas nunca assim sonharam, que seria um lugar,
Tão terrível, banidos do teu olhar,
Concede-nos, Oh Cristo, da sentença, livramento,
Para que sempre clamemos sem medo e sem lamento:
Oh vem, Senhor Jesus, vem!
Oh, anseio o dia quando ouviremos
Você dizendo: “muito bem, meu filhinho,”
ainda que
Curvados e imperfeitos - o dia severo
Quando toda palha queimada será, vemos
teu sorriso, o rosto que a tudo transformará
E então a eterna graça:
O momento em que nós pecadores, teu povo,
Não mais cairemos e nunca mais pecaremos de novo.
Oh vem, Senhor Jesus, vem!
Soe forte, oh Deus, sua trombeta em breve.
Libere, oh Cristo, sua última ordem.
Arcanjo, fale, e diga a lua E sol que escureçam sua face,
a terra e o mar que se rendam a Cristo,
Sua esposa amada,
A igreja gloriosa, para a vida ressuscitada,
Sim, tão rápido quanto um olho abrir e fechar,
A morte, em seus corpos, nunca mais tocará!
O vem, Senhor Jesus, vem!
Ousamos, óh Cristo, a esperança abraçar,
Embora nem mesmo possamos sonhar
Que ela, por quem morreste, graciosamente,
Assuma seu lugar de privilégio, e se sente
Como a mais amada, na mesa do banquete
Enquanto renovado, tu te vestes de majestade,
Sustentando seu poder eterno,
Naquele dia, mais uma vez se porá como servo
O vem, Senhor Jesus, vem!
Embora agora, Oh Cristo, como num reflexo,
Vejamos embaçado, em estado perplexo,
Face a face ainda é nosso desejo.
E sim, aí de nós,
Fraco ainda é nosso anseio, mas abraçamos,
A bendita esperança que ao longe vem brilhando,
Com luz emprestada, toda divina, clareando
Aquele Dia, em que iremos nos satisfazer
E nunca mais, ninguém precisará dizer:
Oh vem, Senhor Jesus, vem.
Entrevista do vovô Piper sobre o livro. No minuto 45:00 ele começa a recitar o poema em inglês.
No final dessa pregação eu recito a versão em português do poema.